Caso de uma jovem médium
Até esta data. Aos 21 anos a mediunidade a chamou impiedosamente. As noites se tornaram viagens malignas, e éramos todos despertados com gritos dignos de filmes de terror. Ao chegar no quarto dela percebia que lá haviam centenas de almas literalmente tocando o rebu. Algumas eram muito agressivas, e lhe deixavam marcas roxas no corpo e mesmo lhe jogavam para fora da cama. Ela funcionava como um portal interdimensional com estações no umbral, e através dela as almas chegavam a esta dimensão, causando uma situação inenarrável...
Caindo de sono eu fazia o trabalho de São Miguel e encaminhava todas aquelas almas ao alto, então eu encontrava mais algumas escondidas sob a cama e também as encaminhava. Eu voltava ao meu quarto para dormir, mas a paz tornava a ser quebrada com os gritos de terror ou com minha filha batendo na porta e avisando que mais almas haviam chegado...
Por várias vezes ela dormia comigo em minha cama, enquanto meu marido se mudava para o quarto dela, mas o problema não estava no quarto, estava nela. Eu dormia e em seguida acordava com a intuição de que mais almas haviam chegado, eu trabalhava e tornava a cochilar, até os primeiros raios da manhã, quando então tudo serenava e podíamos dormir tranquilas.
Compreendi que era muito difícil para minha filha empreender o trabalho, pois cada vez que o fazia as almas se incorporavam nela antes de partirem, o que causava grande desconforto. Quando eu percebia que ela novamente havia se desdobrado, eu tocava nela, e quem incorporava as almas era eu. Confesso que não é nada confortável, mas eu lidava com isso melhor que ela.
É claro que não dava para passar todas as noites nesta confusão. Minha filha acordava todas as manhãs com fundas olheiras e cansada, suas noites eram de desdobramento, e ela não conseguia sair dos lugares em que se encontrava, quando o conseguia gritava o medo que estava preso em sua garganta.
Com muitas orações e encaminhamentos, as almas que passaram a vir já não eram tenebrosas, mas vinham lhe contar suas histórias, pedir favores que ela não podia atender. Muitas vezes a mesma alma vinha repetidas vezes, até que ela me chamasse e eu pudesse encaminhá-la ao alto com São Miguel.
Tratava-se de um caso espírita, e encontramos um centro kardecista para lhe ajudar. Durante meses ela, e eu em seu lugar sempre que ela não podia ir, fomos semanalmente receber passes e desobsessões. Ela entrou para o grupo de estudo espírita e as coisas serenaram e as noites ficaram mais tranquilas, as intervenções passaram a ser esporádicas. Também passamos a fazer o evangelho no lar aos domingos, e isto também tem sido de grande ajuda.
Ao ler o livro biográfico de Chico Xavier, minha filha foi tocada pela doce humildade e serviço deste homem, e passou a aceitar seu destino como médium. Tudo isso é ainda o início de sua caminhada espiritual, que não sei qual será, apenas sei que muitas vezes tive a oportunidade de agradecer a valiosa ajuda de São Miguel, sem o qual não imagino como lidaríamos com todas aquelas noites e com o medo e mediunidade de minha filha!
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